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ONU anuncia plano para eliminar doenças transmissíveis nas Américas até 2030

Campanha de vacinação contra a gripe. Foto: Agência Brasil/Marcello Casal Jr.

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), agência regional das Nações Unidas, afirmou neste mês (3) que planeja lançar em 2019 um novo plano de ação contra as doenças transmissíveis. Estratégia visa garantir o acesso universal a serviços de diagnóstico e tratamento. O organismo da ONU está mapeando todas as enfermidades na região das Américas para avaliar estatísticas e investigar causas socioambientais dos surtos.

“Estamos trabalhando em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para ter gerações futuras livres de doenças transmissíveis nas Américas. Para isso, precisamos conseguir o acesso universal a medidas de detecção dessas enfermidades e tratamento precoce”, defendeu o subdiretor da OPAS, Jarbas Barbosa, em participação no 54º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (MEDTROP), realizado em Olinda.

O especialista explicou que o novo marco da OPAS para as doenças transmissíveis será constituído por quatro linhas de atuação: serviços de saúde integrados; geração, análise e disseminação de estratégias robustas; abordagem dos determinantes ambientais e sociais; e a integração com a atenção primária à saúde.

“Está sendo feito um mapeamento de todas as doenças e as dimensões de cada uma delas, que terá um conjunto de indicadores construídos com uma abordagem multissetorial”, acrescentou Barbosa. Segundo o gestor, as consultas com os países devem ocorrer no fim do ano. A aprovação do plano no Conselho Diretivo da OPAS está prevista para 2019.



O representante da OPAS também traçou um panorama da atual situação das doenças transmissíveis nas Américas, entre elas, o sarampo.

“Neste ano, a Venezuela completou mais de 12 meses de transmissão sustentada de sarampo e, com isso, perdeu o certificado de eliminação da doença. Os outros países da região continuam com sua certificação individual, mas existem riscos. O Brasil vem fazendo campanhas de vacinação junto com estados e municípios, mas se não interromper a transmissão da doença até fevereiro de 2019, também pode perder seu certificado”, disse.

Um desafio brasileiro, de acordo com Barbosa, é quebrar as barreiras no acesso da população às vacinas. “Mães e pais que trabalham não conseguem levar seus filhos para se vacinar durante o horário comercial, em dias de semana. A vacina está no posto de saúde, mas as pessoas não conseguem chegar a ela.”

Controle de insetos

Um dos temas do congresso foi a transmissão de doenças por vetores, como os mosquitos. Ana Carolina Faria e Silva, dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) no Brasil, ressaltou que 80% da população mundial está suscetível a contrair patologias causadas por animais portadores de vírus e outros agentes infecciosos. Entre essas enfermidades, estão a malária, dengue, zika, chikungunya, doença de Chagas e oncocercose.

Renato Vieira, coordenador-geral de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, disse que a Organização Mundial da Saúde (OMS) conta com orientações fundamentais para o controle de vetores. Adotadas em 2017, as recomendações permitiram ao Brasil fortalecer suas capacidades de emergência. Em dois anos, o Brasil teve mais de 2 mil casos de febre amarela – mais do que foi registrado em 36 anos, de 1980 a 2016 –, lembrou o especialista.

De acordo com o gestor, um dos avanços brasileiros mais recentes foi a criação do Comitê Técnico Assessor do Ministério da Saúde para Vetores, do qual a OPAS/OMS participa.

“Essa iniciativa tenta trazer, do ponto de vista científico e técnico, um suporte à tomada de decisão do Ministério da Saúde e a integração não só dos programas, mas entre o setor de saúde, sociedades científicas e poder público, para nos trazer propostas de respostas práticas”, explicou.

Gripe

Outra pauta do encontro em Olinda foi a preparação do Brasil para lidar com epidemias de gripe. Walquiria Aparecida Ferreira de Almeida, técnica da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde do Brasil, afirmou que a pandemia da influenza H1N1, em 2009, foi um marco importante para melhorar a vigilância no país.

“Precisamos conhecer os vírus da influenza e o comportamento da doença. Temos que lembrar que eles podem dizimar populações”, afirmou a gestora.

Um dos desafios, segundo a especialista, é conseguir uma maior adesão às campanhas de vacinação em massa. “Toda a população está exposta, então as medidas preventivas são extremamente importantes”, acrescentou.

Roberta Andraghetti, assessora regional em Regulamento Sanitário Internacional da OPAS, apresentou algumas ferramentas de saúde pública que auxiliam países a conter e prevenir a gripe.

O Programa Mundial de Influenza da OMS existe há 70 anos e tem como principais componentes a resposta e a vigilância dessa enfermidade. A iniciativa conta atualmente com uma rede de 144 laboratórios nacionais, seis centros colaboradores, quatro laboratórios reguladores essenciais, 13 laboratórios de referência, um centro colaborador para vigilância epidemiológica e outro para estudos ecológicos.

Em nível mundial, a vigilância é realizada com base em fatores epidemiológicos e virológicos. O controle virológico é feito por meio da plataforma online FluNet, que gera tabelas, gráficos e mapas com dados nacionais, atualizados semanalmente. O portal também serve para rastrear o movimento dos vírus da influenza globalmente e interpretar indicadores epidemiológicos.

Já a vigilância epidemiológica é realizada pela plataforma FluMart, criada para facilitar a troca de dados sobre gripe. “Os produtos gerados nessa ferramenta trazem mapas com análises e relatórios com a distribuição dos vírus gripais e dos casos, entre outros (dados)”, explicou Roberta. (ONU)



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