Na ação, 22 pessoas foram presas, entre elas um vereador do município de Cachoeirinha, o qual teve sua campanha eleitoral financiada pela facção. Entre as apreensões, estão máquinas caça-níqueis, ceduleiras, móveis, documentos, telefones celulares e drogas.
Entenda o caso
A investigação teve início em julho de 2020, a partir de uma colaboração premiada que apontou a autoria de 31 homicídios praticados pela mesma organização criminosa. Os homicídios ocorreram nas cidades de Gravataí, Cachoeirinha, Porto Alegre, Canoas, Sapucaia do Sul, Guaíba, Eldorado e Taquara.
Na referida colaboração, foram indicados 79 membros de uma das maiores organizações criminosas do Estado, o que resultou na instauração de Inquérito Policial específico para apuração da estrutura criminosa. Deste trabalho investigativo restou comprovado que a organização criminosa em análise contava com divisão hierárquica precisamente definida e com separação das atividades em núcleos distintos e interligados:
Um núcleo de crimes violentos e tráfico de drogas, em que os executores dos homicídios recebiam como “prêmio” pontos de venda de drogas para administrarem, assim como adquiriam facilidades para aquisição de armas e drogas que lhes rendiam maior lucro e poder. Em suma, a violência alimentava o tráfico de drogas e os executores mais audaciosos eram beneficiados pela facção com os pontos mais rentáveis.
Outro núcleo atuava em jogos de azar (bingos e máquinas de caça-níquel), atividade que rendia à organização criminosa tanto ou mais lucro que o tráfico de drogas, com a vantagem de que a administração é menos violenta, não trazendo perdas com ataques de grupos inimigos ou apreensão de drogas e armas pela polícia. A atuação em contravenções ligadas aos jogos de azar tem como área de abrangência o sul do estado, região metropolitana, capital e litoral. Antigos chefes dos jogos de azar foram obrigados a dividir lucros com a facção ou tiveram seus pontos tomados com uso de violência e ameaças.
Ainda, foi identificado dentro da organização criminosa um núcleo político. Nesse sentido, a facção tinha como plano a infiltração de membros na esfera política, com intuito de defender os interesses da organização perante o Poder Público. O plano teve início com a eleição de um criminoso para cargo do legislativo de um município da região metropolitana na eleição de 2020. A campanha foi caracterizada por ameaças e violência contra opositores, além de pressão contínua e troca de favores com eleitores de comunidades carentes da cidade.
Na ação de hoje, foram empregados cerca de 250 policiais civis e 60 viaturas, com o apoio da Divisão Aérea da Polícia Civil. (PC)