Jornal São Leo

Universitários gaúchos constroem carros de alto desempenho para competição

Mais de 200 estudantes universitários de engenharia do Sul (Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina) acertam os últimos detalhes da construção de 10 carros de alto desempenho. O objetivo é completar as provas da 14ª Competição Fórmula SAE BRASIL, que será realizada entre os dias 30 de novembro e 3 de dezembro, no Esporte Clube Piracicabano de Automobilismo (ECPA), em Piracicaba, SP. 

Ao todo, serão 65 veículos de alto desempenho (50 a combustão e 15 elétricos), que foram projetados e construídos por mais de mil universitários do Brasil (13 Estados e Distrito Federal) e do Exterior (Argentina, Colômbia e Egito), sob a orientação de professores dentro das instituições de ensino. 

Com recorde histórico de equipes, a competição contará com 21 de São Paulo, 11 de Minas Gerais, seis do Rio de Janeiro e cinco de Santa Catarina. Bahia, Distrito Federal, Paraíba e Paraná serão representados por três equipes cada. Rio Grande do Sul contará com duas. Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará e Sergipe terão uma equipe cada. Do Exterior, Argentina, Colômbia e Egito levarão uma equipe cada. 

Rio Grande do Sul

Construir um protótipo leve, veloz e confiável foi o objetivo da veterana Fórmula UFSM, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A equipe levará novo veículo a combustão, com motor CBR 600RR e chassis otimizado, com redução da distância entre eixos para o mínimo permitido pelo regulamento, além de kit aerodinâmico projetado e fabricado pela equipe.

“Empregamos diversos tipos de materiais nos processos de fabricação, como ligas de aço, alumínio e aço inoxidável, como também fibras de vidro e lã de rocha”, conta Mateus Viero Culleton, 20, aluno do 5º de semestre de Engenharia Acústica e capitão da equipe, que alcançou a 14ª posição na edição passada.

Entre as inovações da Fórmula UFSM está a troca do método de acionamento de marchas. “Eliminamos o sistema de gás comprimido e passamos a utilizar o pistão elétrico”, diz o capitão. O Rio Grande do Sul ainda será representando pela RS Racing UFRGS, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).



Paraná

Depois de alcançar a 20ª posição em sua participação de estreia, a equipe UFPR Fórmula, composta por 20 estudantes da Universidade Federal do Paraná (UFPR), retorna à competição com protótipo a combustão, projetado para ser confiável e capaz de completar todas as provas. “Para tanto, desenvolvemos um veículo de pilotagem intuitiva com foco em ergonomia, optamos por componentes mais leves para a melhoria de performance e investimos em motor novo, que é mais potente e confiável”, conta Henrique Trivisan Rolo, 22, aluno do 8º semestre de Engenharia Mecânica e capitão da equipe. Para esta edição, a expectativa da UFPR Fórmula é entrar para o Top 10. Do Estado ainda participam as equipes UTForce e-Racing, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), e Cataratas Racing Team FSAE, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). 

Santa Catarina

Projetar veículo de competição, que permite colocar em prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula, é a principal motivação da equipe veterana Fórmula UNO, da Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó). “Nós podemos ter experiência em todas as áreas que envolvem o desenvolvimento e a manufatura do veículo”, ressalta Henrique Biesdorf, 20, aluno do 6º período de Engenharia Mecânica e capitão da equipe, composta por oito estudantes. Nesta edição, a Fórmula UNO levará protótipo a combustão, que possui entre as novidades a posição mais baixa do piloto, para maior aderência e menor torção em curvas, e o sistema de freios independente para os eixos dianteiro e traseiro. Do Estado também participam quatro equipes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC): Fórmula CEM, Fórmula CEM-EV, Fórmula UFSC e Ampera Racing. 



Provas

Em Piracicaba, os projetos serão avaliados – desde a concepção técnica até a viabilidade comercial – por juízes, que são engenheiros da indústria da mobilidade.

No dia 30, os projetos passarão por inspeções técnicas de segurança.

No dia 1º, haverá provas estáticas de segurança (inspeção técnica, frenagem, ruído e inclinação) e design (custo, projeto e negócios).

No dia 2, os estudantes farão as apresentações orais dos projetos e os veículos enfrentarão provas dinâmicas (aceleração em reta de 75 metros; contorno em círculo à direita seguido de círculo à esquerda no menor tempo possível; e volta em pista montada por cones, prova que define o grid de largada do dia seguinte).

No último dia, haverá a prova mais disputada da competição: o enduro de resistência com 22 km, realizado numa pista travada, que exige muito dos carros e pilotos.

Carros

Os carros Fórmula SAE a combustão têm motores de quatro tempos e capacidade volumétrica máxima de 710 cm³. Já os elétricos são tracionados por motores elétricos, alimentados a partir de baterias de até 600 volts, com autonomia de pelo menos 22 km e potência para alcançar velocidade superior a 100 km/h e aceleração de 0 a 100 km/h em menos de 3.7s. Na competição, a recarga das baterias é realizada em carga lenta, numa área com alto nível de segurança, em tomada especial de 220 volts trifásica. 

A construção dos veículos deve obedecer às normas do regulamento da competição, que está disponível no portal da SAE BRASIL (portal.saebrasil.org.br), que exige das equipes, com até 20 integrantes, especialização nos variados sistemas que compõem um veículo do tipo fórmula, como powertrain, freios, direção, suspensão e chassis. 

História

Os carros Fórmula SAE surgiram nos Estados Unidos, em 1981. As competições de veículos a combustão são realizadas em diversos países, além de Brasil e Estados Unidos, como Alemanha, Austrália, Áustria, Espanha, Hungria, Inglaterra, Itália e Japão. O Brasil ingressou no circuito em 2004, com o objetivo de fomentar nos estudantes de graduação e pós-graduação de engenharia a especialização técnica em veículos de alto desempenho, de acordo com as regras definidas pela SAE INTERNATIONAL. O Brasil integrou o grupo Top Ten duas vezes, na disputada competição da categoria nos Estados Unidos. 



Já as competições de veículos elétricos são realizadas na Alemanha, Austrália, Inglaterra e Itália, além de Brasil e Estados Unidos. O Brasil ingressou no circuito em 2012, com o objetivo de ampliar o conhecimento técnico na área de motores 100% elétricos das novas gerações de engenheiros, responsáveis pelas tendências da engenharia. Na categoria, o Brasil é bicampeão nos Estados Unidos.

“Os programas estudantis da SAE BRASIL motivam os jovens à carreira de engenharia e lançam desafios encontrados na prática profissional que levam muito além do conhecimento acadêmico adquirido na sala de aula”, analisa o engenheiro Mauro Correia, presidente da SAE BRASIL.

14ª Competição Fórmula SAE BRASIL

Data: 30 de novembro a 3 de dezembro de 2017.
Local: Esporte Clube Piracicabano de Automobilismo (ECPA) – rodovia SP 135, km 13,5, Piracicaba – SP.
Dia 30 (quinta-feira), das 10h às 18h – Inspeções técnicas de segurança. 
Dia 1º (sexta-feira), das 9h às 16h – Provas estáticas de segurança (inspeção técnica, frenagem, ruído e inclinação) e design (custo, projeto e negócios).
Dia 2 (sábado), das 9h às 16h – Apresentações orais e provas dinâmicas (aceleração, manobrabilidade e autocross). 
Dia 3 (domingo), das 9h às 12h – Enduro de resistência.

Total de equipes inscritas: 65 – sendo 50 na categoria Combustão e 15 na categoria Elétrico
Total de instituições de ensino representadas: 49
13 Estados + DF + Argentina + Colômbia + Egito 
(Em 2016, foram 50 equipes – 40 na categoria Combustão e 10 na categoria Elétrico)



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