A imunidade adquirida por uma infecção pelo vírus da dengue pode proteger contra o vírus da Zika. Em síntese esta foi a conclusão de um estudo realizado pelo Instituto de Arboviroses da Universidade de Wenzhow na China, em parceria com outras instituições. Além disso, a pesquisa não encontrou evidências de interações entre as duas doenças. As conclusões do estudo foram publicadas hoje (13) pela revista Nature Communications.
A revista é parte da Nature Research – um banco de dados internacional que reúne autores e trabalhos científicos de todo o mundo. Segundo o artigo, a pesquisa tem um valor importante na busca por vacinas contra os vírus dengue e zika.
Camundongos como cobaias
O estudo utilizou camundongos como cobaias e observou que os animais que tiveram dengue desenvolveram a chamada proteção cruzada – termo utilizado para referir-se à transferência de microrganismos. Além disso foram observadas a presença de linfócitos – T CD8 – células de defesa que se formaram após a combinação dos vírus da dengue e da zika.
Os animais foram divididos em dois grupos: um que havia sido infectado inicialmente com o vírus da dengue, após recuperados foram infectados com o vírus da Zika; e um segundo grupo foi infectado pelo Zika sem ter tido uma infecção prévia de dengue.
Nos resultados, o grupo com infecção anterior de dengue apresentou uma carga reduzida de Zika no organismo: sangue nos tecidos e no cérebro.
A imunidade adquirida em cobaias que tiveram o vírus da Dengue, e depois foram expostos ao vírus da Zika, também mostrou que a Dengue não seria potencializadora de infecções mais graves de Zika. A tese de que a interação entre as duas doenças provocaria casos graves de Zika foi levantada no início da epidemia de Zika no Brasil, em 2015.
A hipótese caiu por terra e agora os pesquisadores acreditam que uma infecção anterior por Dengue pode impedir casos graves de contaminação pelo Zika ou até mesmo a microcefalia em bebês gerados por mães que tiveram Zika na gestação.
Conclusões
Uma das conclusões dos pesquisadores é que a presença de anticorpos por uma infecção de Dengue, pode explicar por que nem toda mulher com Zika transmite a doença para o bebê e também por que algumas pessoas podem ter sido infectadas com Zika e nunca terem desenvolvido a doença.
A descoberta da ação dos linfócitos T CD8 presente na defesa das infecções pelos vírus Dengue e Zika pode dar novos rumos às pesquisas com vacinas em andamento. Até agora, segundo o artigo a maioria dos testes com vacinas, atuam somente contra os linfócitos B – que produzem anticorpos após o contato com uma infecção. As células do tipo T têm uma ação direta sobre o microrganismo, agindo antes da infecção.
O trabalho foi desenvolvido por um grupo de pesquisadores chefiado por Jinsheng Wen, da Universidade de Wenshou e teve parceria de outras universidades como o Instituto La Jolla de Alergia e Imunologia da Califórnia.
Fonte: Agência Brasil
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