A teoria do cangaceiro nos ensina o quanto podemos aprender a partir da disponibilidade de escutar o outro. Portanto, se você nunca ouviu essa teoria, não se preocupe, de hoje em diante você poderá mudar a sua forma de ver o mundo.
Origem da Teoria do Cangaceiro
Inicialmente, permita-nos apresentar a origem dessa teoria com uma história pessoal ocorrida há alguns anos. Certo dia, quando ainda criança, meu irmão mais velho me convidou para comer um hambúrguer. Na ocasião, estávamos na casa de nossos avós e fomos a um trailer de bairro para satisfazer a vontade. Chegando lá, por ser o único trailer na região, ficamos esperando na fila. Pedíamos sempre o mesmo hambúrguer, como já sabia o dono do estabelecimento.
Ao chegar a nossa vez, meu irmão fez o nosso pedido: “nos dê dois cangaceiros”. Curiosamente, um morador local que acabava de sair de um bar vizinho passou por nós e ouvindo o pedido, indagou-nos: “Vocês sabem o que é um cangaceiro?”.
Na hora, percebi que o homem estava alcoolizado e até trocando as pernas. Olhei para o meu irmão, que sempre foi uma referência de conhecimentos e sabedoria para mim, e esperei que ele discursasse sobre o assunto. Contudo, para o meu espanto, ele respondeu que não sabia.
Como poderia o meu irmão, que foi aprovado em instituições renomadas, sempre com aproveitamento destacável, não saber o que é um cangaceiro? Essa era uma realidade em que eu não podia acreditar. Se até eu que era criança já sabia o que era um cangaceiro, como meu irmão poderia desconhecer? Lembrei que naquela época passava um seriado chamado “O Auto da Compadecida”. Qualquer um que assistisse televisão poderia saber!
Chocado e decepcionado com a resposta do meu irmão, não me ative ao que aquele homem disse. Ora, como um bêbado poderia ensiná-lo algo?
Aprendendo pela vivência
Em poucos minutos, o homem disse o que sabia e em seguida foi embora. Imediatamente, em voz baixa, constrangido e envergonhado, perguntei ao meu irmão: “Você está de sacanagem em dizer que não sabia o que é um cangaceiro, né?”.
Com uma risada serena e pacífica, ele respondeu: “Dudu, se eu tivesse dito que sabia o que era um cangaceiro, jamais saberia o que aquele homem teria a me dizer e, poderia ter perdido a oportunidade de conhecer algo novo”.
Oh, meu Deus! Aquela fala foi um tapa de luvas em mim. Também foi como um alívio, porque meu irmão se mantinha no local legitimo de referência e pensador, que acabava de me ensinar uma nova lição de vida.
Quando estamos cheios de nossos saberes, arriscamos ser arrogantes e preconceituosos. Assim, acabamos nos apequenando em nossa alienação. Afinal, se não nos abrimos para o novo, como podemos evoluir?
Outros pensadores que corroboram com a teoria do cangaceiro
Como disse Albert Einstein, “insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”.
Uma outra reflexão de que gosto muito está ligada ao desenvolvimento. Etimologicamente, a palavra “desenvolver” é composta por um prefixo “des” somado ao radical “envolver”. O prefixo “des” representa uma negação e o radical “envolver” significa cobrir. Isto é, desenvolver quer dizer que é para tirar o que envolve ou cobre. Aplicando-se à teoria do cangaceiro, se nos apegarmos ou envolvermos ao que já conhecemos, jamais poderemos evoluir. Assim, desenvolver é desapegar dos próprios saberes para escutar e perceber sob novos ângulos, e então reconstruir o que já se sabe.
O grande filósofo Sócrates assim ensina em sua clássica frase: “Só sei que nada sei, e o fato de saber isso, me coloca em vantagem sobre aqueles que acham que sabem alguma coisa”.
Por fim, ouvi recentemente uma história intrigante sobre o primeiro norte americano que tentava escalar o Everest. Ao regressar da aventura, sem êxito, foi indagado sobre o assunto por uma equipe jornalística que aguarda ansiosa a sua chegada. Em resposta, olhando a montanha, o alpinista disse algo próximo disto: “Everest, tu já tens o seu tamanho definido, agora eu, estarei sempre me desenvolvendo e em breve te superarei”.
Escutar o outro até o final pode não te acrescentar nada. Por outro lado, o não escutar nunca te permitirá saber o que pode ser diferente. Essencialmente, essa é a máxima da teoria do cangaceiro. Portanto, se você deseja viver um processo contínuo de evolução, tenha uma escuta amorosa e interessada.
Aplique a teoria do cangaceiro em sua vida e tenha sucesso. Quer conhecer mais sobre o Ubuntu? Clique aqui.
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