quinta-feira , 21 novembro 2024
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Economia criativa é responsável por um a cada quatro postos de trabalho de Porto Alegre, aponta estudo




A chamada economia criativa, que reúne setores vinculados à cultura, criatividade, conhecimento e inovação, é responsável por 24,7% dos postos de trabalho gerados em Porto Alegre. Os números da capital são abordados em estudo inédito divulgado nesta terça-feira (26/4), durante a palestra “Potenciais criativos – caso Porto Alegre”, realizada na Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ) – instituição vinculada à Secretaria da Cultura (Sedac).

A atividade integra o 2º Circuito RS Criativo, projeto de capacitação para empreendedores criativos. A mediação ficou por conta de Carolina Biberg, coordenadora do RS Criativo – programa estratégico coordenado pela Sedac.

Somando os empregos formais representados pelas atividades dos microempreendedores individuais (MEI) que atuam na área, a capital gaúcha conta com 125.631 postos de trabalho relacionados com a economia criativa. O levantamento leva em conta um conjunto de 92 atividades vinculadas a oito segmentos da economia gaúcha, com destaque para áreas como arquitetura, design e moda, TI e software, publicidade, artes visuais, audiovisual e setores ligados ao mercado editorial, pesquisa e patrimônio.

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Secretária da Cultura, Beatriz Araujo destacou importância de se conhecer a realidade do setor – Foto: Rafael Varela / Ascom Sedac

Em uma área conhecida pelo alto nível de informalidade, a economia criativa representa 11,8% dos empregos formais gerados na maior cidade do Rio Grande do Sul, com um total de 100.685 postos. A maior parcela dos empregos é registrada no grupo de arquitetura, design e moda (34,9% do total), seguido da área de pesquisa, desenvolvimento e ensino superior (26,4%) e TI e software (16,9%). Juntos, os três setores representam quase 80% dos empregos formais na área criativa.

Trabalho conjunto

Produzido a partir de uma parceria entre Sedac, Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG) e prefeitura de Porto Alegre, o estudo levantou elementos para a análise da economia criativa no município. O material da capital gaúcha é o primeiro produto desenvolvido a partir de uma metodologia criada pelo grupo de trabalho InovaRS, formado pelas equipes técnicas da SPGG, por meio do Departamento de Economia e Estatística (DEE), da Sedac, por meio do programa RS Criativo, da Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia (Sict), da prefeitura de Porto Alegre e da Universidade Feevale.

Com a colaboração de pesquisadores de todo o Brasil, o grupo de trabalho iniciou os trabalhos em março de 2021 e liderou a elaboração do método que vai auxiliar a medir os potenciais criativos nos municípios, etapa importante para a formulação de políticas públicas de fomento à área, um dos objetivos do RS Criativo.

“Para que a economia criativa se fortaleça e cresça ainda mais no Rio Grande do Sul, é preciso conhecer a realidade atual de forma a oferecer oportunidades de capacitação e recursos de fomento adequados a cada localidade. Nesse sentido, a Sedac se associa às instituições estaduais, municipais e universitárias que estão colaborando para levar a metodologia da pesquisa-piloto realizada em Porto Alegre a todas as regiões do Estado. É mais um passo importante para inovar e avançar na cultura”, disse a secretária da Cultura, Beatriz Araujo.

A titular da Sedac também aponta a importância dos estudos para traçar novas perspectivas de futuro após a pandemia. “Muitas foram as dificuldades, mas estamos vivenciando um novo momento. Isso dá ânimo para que possamos seguir com o nosso trabalho, criando possibilidades para que os governos, a educação e o mercado possam atuar em prol do desenvolvimento da Economia Criativa no Rio Grande do Sul.”

Porto Alegre é a sexta no ranking em número de empresas

Responsável por 13,9% dos empregos com carteira assinada do RS, Porto Alegre concentra, conforme o estudo, um em cada quatro dos empregos criativos do Estado. Em relação aos empreendimentos criativos, um em cada cinco está na capital.

Quanto ao número de empresas, as atividades ligadas à economia criativa em Porto Alegre correspondiam a 14% do total de empreendimentos da cidade em 2019, conforme o Cadastro de Empresas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ano, eram 11.747 empreendimentos do segmento na capital, sendo 34,3% desses no grupo de arquitetura, design e moda e 19,8% em TI e software.

Em termos de arrecadação, considerados impostos estaduais e municipais, a economia criativa gerou em 2020 cerca de R$ 400 milhões aos cofres públicos. O estudo do DEE/SPGG indica ainda que 88,3% dos empreendimentos da economia criativa de Porto Alegre são registrados como microempresas, empresas de pequeno porte ou MEI e, em média, cada empreendimento gera 7,5 postos de trabalho.

Quanto à remuneração, a média dos rendimentos dos trabalhadores assalariados nos distintos setores da economia criativa era, em 2019, de R$ 3.471,00 em Porto Alegre – acima dos R$ 2.556,00 apontados pelo IBGE como a média dos trabalhadores com carteira assinada da Região Metropolitana no mesmo ano. Entre os segmentos, o destaque em termos de salário é do grupo pesquisa, desenvolvimento e Ensino Superior (R$ 5.938,00), seguido de TI e software (R$ 4.231,00), tendo o setor de publicação, editoração e mídia (R$ 2061,00) registros abaixo da média.

No ranking nacional, Porto Alegre está na sexta posição entre as capitais em termos do número de empresas e de postos de trabalho na economia criativa, numa lista liderada por São Paulo e Rio de Janeiro, polos de grande concentração do setor cultural no país. Essa concentração, conforme o estudo, é uma das explicações para outro fenômeno registrado na capital gaúcha, que é o da constante perda de trabalhadores para cidades do centro do país.

“Nossa capacidade de formação de bons profissionais, tanto pela formação acadêmica quanto pela experiência em um setor diversificado e qualificado, não é sustentada por uma estrutura remuneratória condizente, o que leva a uma constante perda de mão de obra qualificada, especialmente para empresas do eixo Rio-São Paulo”, destaca o pesquisador do DEE/SPGG Tarson Núñez, um dos responsáveis pelo estudo.

SPGG

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